O Casamento de Savo e Sveta
O casamento cigano é uma grande celebração. Povo historicamente conhecido por sua música e suas festas, a união entre um casal Romani é um momento rico em simbolismo, tradições e costumes. Uma ocasião para celebrar o compromisso dos noivos e reunir familiares e amigos. Uma festa que pode durar vários dias, cheia de alegria, música e dança. Além de comida farta e variada. Sveta Iovanovitch e Savo Iovanovitch. Sveta Iovanovitch, na casa de seu filho Claudio Iovanovitchi, em celebração familiar. Sveta e Kationa (mãe) em sua casa, no município de Paranavaí. Kationa (Mãe de Sveta) em sua casa, no município de Paranavaí. Os filhos de Savo e Sveta! Savo casou-se com Sveta e juntos tiveram 5 filhos: Emilia, Carlos, Clayton, Claudio e Lepossava Carlos, Clayton e Claudio. Filhos de Savo Iovanovitch e netos de Duchan Iovanovitch. Família Iovanovitch reunida, aproximadamente no ano de 1961. Lepa Iovanovitchi com 4 anos de idade. Emília Iovanovitchi (In Memorian). Lepossava, Carlos e Claudio Iovanovithi. Em Curitiba, no ano de 2023. É tradição para os Roms falar de sua descendência lembrando-se sempre dos filhos homens. Sava é filho de Duchan, e pai de Carlos, Claudio e Cayton. Claudio, por sua vez é pai de Nuno, falecido em 1999, aos 10 anos de idade. Em sua homenagem, graças à luta de seus pais, comemora-se o dia dos povos ciganos no Paraná, uma homenagem a um menino que deixou essa terra cedo demais. Família Iovanovitch reunida. Família Iovanovitch reunida. Família Iovanovitch reunida. Família Iovanovitchi reunida na festa de 15 anos de Thereza Iovanovitchi, no ano de 1994. Thereza Yovanovitch (neta de Savo) com Lucas Stephanovitch (bisneto de Savo) e Tatiane Iovanovitchi (neta de Savo) com Hayanne Iovanovitchi (bisneta de Savo) em seus braços. Curitiba, 2002. Netos de Savo, filhos de Clayton, Carlos, Emilia, Claudio, e Lepa reunidos. Em dezembro de 1989, no município de Curitiba. Hayanne, Tatiane, Sveta Iovanovitchi, Aline e Allan Stephanovich no ano de 2003. O Casamento de Savo e Sveta
Savo Iovanovitch
“O voo é a minha esperança, o bosque é a minha casa.Sou o lar do meu lar, o meu lar é o meu lar, o meu lar é o meu lar,Mas que doçura foi a sua brevidade! que sempre a ira da felicidade me assombra!” Krsti Pri SaviciFrance Prešeren Sava (Savo) Iovanovitch, filho de Duchan Iovanovitch e Lepossava Iovanovitch. Sveta Iovanovitch e Savo Iovanovitch. Família Iovanovitch no ano de 1988, na imagem, Savo já estava acometido por problemas de saúde. No mesmo ano veio a falecer. Família Iovanovitch no ano de 1988, na imagem, Savo já estava acometido por problemas de saúde. No mesmo ano veio a falecer. Carteira do Jockey Club do Paraná, – Sócio Efetivo de Savo Iovanovitch. Curitiba, 10 de abril de 1986. Sava (Savo), pai de Nene e filho de Duchan, nasceu em 16 de dezembro de 1930 em São Paulo e foi batizado com o nome do imenso rio que corta Belgrado. O Sava, importante artéria para a economia e a vida de toda aquela região, foi cantado em “O Batismo na Savica” (Krsti Pri Savici), um poema épico-lírico escrito pelo poeta romântico esloveno France Prešeren e narra a saga de um herói e da mulher que ele amava, em meio à violenta cristianização dos antecessores do povo esloveno. Uma história de conquistas, viagens, guerras e amor. De guerra, Savo nada sabia. Os Ciganos são um povo que jamais causou tal conflito. Mas de batalhas, sim. De luta. Muita. E de amor. Quem sabe, por saudade de sua antiga terra, seus pais lhe deram o nome do rio que, no início do Século XIX, em suas margens abrigava um antigo bairro cigano. Ali, a poesia ainda hoje paira. Ali, fica a rua Skadarlija, reduto boêmio de ruidosos e animados artistas, na agitada noite da cidade de Belgrado. Era um apaixonado por cavalos, – como foi o caso de seus cavalos Espuleta e Miss Florence – , que fizeram com que Savo integrasse parte da história de locais tradicionais da cidade de Curitiba, como o Jockey Club. Savo fez história no antigo EsporteClube Água Verde, sendo depois nomeado de Esporte Clube Pinheiros, no qual auxiliou na criação da identidade visual à época! O rio Sava (em croata: Sava; em húngaro: Száva; em alemão: Save) ou, na sua forma portuguesa, rio Savo[1] é um rio que atravessa a Eslovénia, a Croácia, a Bósnia e Herzegovina e a Sérvia. É um tributário da margem direita do rio Danúbio, desaguando neste último na altura de Belgrado. Tem 940 km de extensão (990 km se se contar com o Sava Dolinka) e drena 95 719 km² de área. Na época romana era chamado Savus. Costuma ser considerado o limite setentrional da Península Balcânica. O Rio Sava Veja mais detalhes sobre o Rio Sava no Wikipédia Skadarlija (em cirílico:Скадарлија) é uma rua da Sérvia localizada no município de Stari Grad, na cidade de Stari Grad, na região de Belgrado. Skadarlija preserva parcialmente o ambiente da arquitetura urbana tradicional, incluindo a organização urbana arcaica, e é conhecido como o principal bairro boêmio de Belgrado, semelhante a Montmartre, em Paris. [1] Desde 1967, Skadarlija é protegida por lei como uma unidade histórico-cultural espacial. [2] Veja mais detalhes sobre a rua Boêmia de Belgrado no Wikipédia A rua Skadarlija em Belgrado, Sérvia Savo Iovanovitch
Os filhos de Duchan e Lepossava
O casal desembarcou em São Paulo e, de lá, tomou o rumo à capital do Paraná, Curitiba. Para o Brasil, trouxeram a filha mais velha, Anastazia, a quem chamavam Nasta . Na nova terra, o casal viria a ter mais três meninas — Seika (também chamada de Vera), Olga (também chamada de Wanda), Alzira — e um único menino, Savo. Casados, quando Savo nasceu, seus pais tinham 12 anos de união. Filhos de Duchan Iovanovitch, Vera (Seika), Savo, Wanda (Olga), Alzira e Marilda (filha de Nasta, Neta de Lepossava). Verso da foto de Todos os Filhos de Duchan e Lepossava quando crianças. “Querido (ilegível) Saudações titio aceite a foto de seus sobrinhos e aceite um feliz Natal e ano Novo, são os votos que desejamos todos nós, Vera, Savo, Vanda, Elza e Amarilda. Para o titio David e titia Angelina e todos os primos e para a prima.” 21 de Dezembro de 1943 Lepossava Jovanovitch, sentada, com seus filhos Savo, Alzira e Wanda ao seu lado. Lepossava e suas filhas Wanda e Alzira Iovanovitch. Alzira e Wanda, filhas de Duchan e Lepossava Iovanovitch. Wanda, filha de Duchan e Lepossava Iovanovitch. Sava (Savo) Iovanovitch, filho de Duchan Iovanovitch e Lepossava Iovanovitch. Carteira de Motorista de Olga Iovanovitch, emitida pela Departamento de Serviço de Trânsito do Estado do Paraná no ano de 1965. Carteira de identidade de Olga Iovanovitch, emitida pelo Instituto de identificação do Estado do Paraná no ano de 1956. Para um cigano Rom, o filho homem é um tesouro. É ele quem perpetuará o nome de uma família; contará a história de seus ancestrais às futuras gerações; carregará as honras; e será quem aumentará a família, quando, em seu futuro, trouxer para casa a cigana com quem deverá se casar e constituir uma grande família. Os filhos de Duchan e Lepossava
Lepossava Jovanovitch
Introdução aos Povos Ciganos Lepossava era uma mulher forte, nascida na Iugoslávia. Não há de ter sido fácil embarcar para o Brasil, em uma viagem que durava em média 25 dias de navio, com a pequena Nasta ainda no colo. A experiência seria marcada por desafios, adaptações e momentos de alegria e esperança para os imigrantes que buscavam uma nova vida no Brasil. A travessia, considerada relativamente segura na época, trazia na verdade muitos riscos: acidentes, tempestades e até ataques de piratas. Durante a viagem, os imigrantes eram acomodados em compartimentos coletivos, divididos por sexo e nacionalidade, em condições modestas, com beliches em vários níveis e pouco espaço individual. Para comer, tinham pão, arroz, feijão, carne enlatada e legumes, com pouca variedade e em porções que podiam ser reduzidas. Com banheiros compartilhados e acesso limitado à água potável, doenças como sarampo, tuberculose e tifo eram comuns entre os imigrantes e, embora houvesse um médico e alguns enfermeiros a bordo, a disponibilidade de medicamentos e equipamentos era extremamente precária. Ser imigrante em um navio cheio de estranhos de toda a sorte de idades, sexos e diferenças sociais e culturais, deve ter sido motivo de preocupação para a jovem mãe. Carteira de identidade para Estrangeiro dos Estados Unidos do Brasil de Lepossava Jovanovitch Analfabeta, Lepossava Iovanovitch desembarca no Porto de Santos em 10 de fevereiro de 1927. Nascida em 1899, natural de Uzvece Carteira de identidade de Lepossava, Página 3 Carteira de identidade de Lepossava, Página 4 Carteira de identidade de Lepossava, Página 5 Carteira de identidade de Lepossava, Página 6 Certidão de Óbito de Lepossava Iovanovitch, Curitiba. 30 de Março de 1965. Em um tempo em que as mulheres possuíam pouca voz, Lepossava foi – acima de tudo –mãe. Sempre pronta a acolher os seus, ela enfrentava uma nova cultura, em uma terra tão distante e diferente da sua, ao lado do marido, mas com a responsabilidade e o aperto no peito que carrega consigo toda mulher. Lepossava Jovanovitch
Duchan Iovanovitch
Duchan, O primeiro Iovanovitch do Brasil Duchan Iovanovitch, natural da província de Caabat, na antiga Iugoslávia, imigrou para o Brasil em 1926 a bordo do majestoso Navio Giulio Cesare, partindo de Trieste. Reza a lenda na família que seu verdadeiro destino era os Estados Unidos, afinal, essa seria a rota da embarcação. Seria. Mas não era. Não mais. E assim, obra das constelações, do destino, das marés, os primeiros Iovanovitchis vieram parar na América. Não na do Norte, mas na do Sul. No Brasil. Elegante, vestia calça risca-de-giz, paletó e chapéu. Desembarcou em Porto Seguro e, mais tarde, no porto de Santos. Ao ouvir da “gadje” no navio que todos iriam ao Rio Grande do Sul, decidiu que esse também seria seu destino. Com um vasto bigode, posou para a foto do passaporte, documento que o trouxe do Leste Europeu ao Brasil. Foto do passaporte de Duchan em Junho de 1926. Duchan vestido com calça risca-de-giz, paletó e chapéu. Capa do Passaporte de Duchan Na primeira página do passaporte de imigrante Duchan há a foto de Duchan, Lepossava e Nasta. Autorização de Majestade Alexandre I e descrições de Duchan, Lepossava e Nasta Passaporte Duchan, Página 3 Passaporte Duchan, Página 4 Passaporte Duchan, Página 5 Passaporte Duchan, Página 6 Passaporte Duchan, Contracapa Tradução Oficial do Passaporte para Português do Brasil, em Junho de 1934. Pai de Duchan, Jevrem Duchan, era filho de Jevrem e Maria. Jevrem Pai de Duchan e suas irmãs Verso da foto de Jevrem Pai de Duchan e suas irmãs Falando pelo menos três idiomas – o romani, o português e o idioma de sua terra natal –, Duchan teve quatro filhos, três deles nascidos no Brasil. Faleceu aos 53 anos, vítima de hepatite. Seu maior legado foi a família. Gerações que se estabeleceram em terras paranaenses, casando-se, construindo suas moradas e transmitindo seus saberes. Até hoje, continuam a luta pelos direitos de seu povo, o Povo Cigano. Duchan e sua família trabalharam e envelheceram em terras Brasileiras Foto comparativa de Duchan 12 anos após sua chegada ao Brasil 19271939 “O tempo é ilusão do homemE as fronteiras são riscos em mapas que não existem” (Cláudio Iovanovitchi) Carteira de Identidade de Rosa Iovanovitch, Irmã de Duchan Iovanovitch. Rosa Iovanovitch irmã de Duchan Iovanovitch, era analfabeta e desembarcava no Porto do Rio de Janeiro. O Registro desta identidade é de 1939. Rosa “Iovanovitch”, natural de Belgrado, filha de Jevrem e Maria. Página 3 Página 4 Página 5 Carteira de Identidade de Rosa Iovanovitch – Contracapa Cemitério Municipal de Curitiba – Pagamento de Sepultura de Duchan Iovanovitch, no ano de 1940. Cemitério Municipal de Curitiba – Pagamento de Sepultura de Olga Iovanovitch no ano de 1972. Certidão de Óbito de Duchan, no município de Curitiba, em 10 de Novembro de 1940. Carteira de Identidade de Duchan 2 Carteira de Identidade de Duchan 1 Carteira de Identidade de Duchan 4 Carteira de Identidade de Duchan 3 Carteira de Identidade de Duchan 5 Julho de 1939
Os Primeiros Roms em Curitiba
Os Primeiros Roms em Curitiba são da Família Iovanovitch Lepossava Jovanovitch, sentada, com seus filhos Savo, Alzira e Wanda ao seu lado. Família Iovanovitch reunida, aproximadamente no ano de 1961. Foto do acervo de Yana Petrovich, a primeira do lado esquedo. Ao seu lado, Lepossava, seguida de sua filha Vanda, Elzira e Nasta. Abaixada com colar em seu pescoço está Emilia, filha de Savo. Árvore Genealógica da Família Recorte dos entes que Imigraram para o Brasil: Esboço da Árvore Genealógica da Família Iovanovitch; Por Dr. Felipe Berocan Veiga. Curitiba, 22 de maio de 2024. Árvore Genealógica da Família Iovanovitch Árvore Genealógica da Família Iovanovitch Completa O Brasão da Família Iovanovitchi O “Brasão” desenhado no documento tem os seguintes elementos: Escudo: Leão dourado em um campo azul.Cores: Ouro e azul, representando nobreza e força.Elmo e manto: Listado em azul e dourado.Timbre: Um leão segurando uma coroa. https://youtu.be/usipz7kRt78 A Origem do Sobrenome A origem do nome Iovanovitch está ligada à Iugoslávia, mais especificamente às regiões sérvias e croatas, onde a forma patronímica “-vitch” era amplamente utilizada. Onde Iovano significa “João” e “vitch” significa ‘Filho de”. Tradução do Brasão: “Devido à história turbulenta e complicada dos Bálcãs, a nação e o povo da Iugoslávia incluíam os ilustres antepassados da família Iovanovitch, que pertenciam a uma população extraordinariamente diversa. Vinte e cinco grupos étnicos distintos foram oficialmente reconhecidos, e o sistema federal iugoslavo foi projetado para permitir um alto grau de autonomia cultural e política para cada grupo. Aproximadamente quatro quintos da população iugoslava eram eslavos, descendentes das tribos eslavas que se estabeleceram na região durante a Idade Média. Entre os grupos não eslavos, o maior era o dos albaneses, que podem traçar sua ancestralidade até os antigos ilírios. Sob domínio romano, grande parte do território que mais tarde se tornaria a Iugoslávia era conhecido como Ilíria, e vários imperadores romanos eram de origem ilíria. Os albaneses estavam concentrados principalmente na região de Kosovo, no sul da Sérvia. O restante da população não eslava da Iugoslávia incluía romenos, ciganos e húngaros. Os eslavos se estabeleceram na região entre os séculos VI e VII d.C., dividindo-se posteriormente em diferentes grupos: eslovenos, croatas e sérvios. Embora compartilhassem uma origem comum, esses grupos desenvolveram identidades distintas ao longo dos séculos. Entre os sérvios, muitas famílias possuíam sobrenomes com o sufixo “-vitch”, que significa “filho de”. O sobrenome Iovanovitch tem suas raízes no nome pessoal “Iovan” (equivalente a João), um nome cristão amplamente difundido. O desenvolvimento da identidade nacional dos eslavos do sul foi profundamente influenciado pela religião. Os croatas e eslovenos adotaram o catolicismo romano e usavam o alfabeto latino, enquanto os sérvios seguiram a fé ortodoxa oriental e utilizavam o alfabeto cirílico. Durante o período otomano, muitos sérvios fugiram para o Império Habsburgo para escapar da dominação turca, e algumas famílias adotaram o catolicismo, especialmente na região da Croácia. A língua sérvio-croata, falada pela maioria dos eslavos do sul, desempenhou um papel fundamental na definição das identidades culturais. O sobrenome Iovanovitch é uma forma patronímica do nome Iovan, que por sua vez vem do nome bíblico João. Esse nome é encontrado em diversas variantes linguísticas, como o inglês “John”, o italiano “Giovanni” e o francês “Jean”. O sufixo “-vitch” era amplamente utilizado entre as famílias sérvias e indicava “filho de”, tornando “Iovanovitch” equivalente a “filho de João”. A família Iovanovitch teve membros notáveis ao longo da história, muitos dos quais desempenharam papéis importantes na sociedade iugoslava. Durante o século XVIII, alguns membros da família migraram para diferentes partes da Europa devido a guerras e mudanças políticas. No século XX, a dissolução da Iugoslávia e os conflitos que se seguiram resultaram na dispersão da família para diversas partes do mundo.” Kationa misturava os Idiomas “O Rapto da Rainha de Sabá”
Porajmos
Porajmos – O Holocausto Cigano Porajmos significa devorar. O termo, cunhado pelo povo cigano Rom, descreve a tentativa do regime Nazi de exterminar este grupo étnico-cultural minoritário da Europa Central. O Holocausto Cigano tem sido pouco estudado, quando comparado ao Holocausto Judeu. Este silêncio, talvez pela falta de interesse de se contar a história de um povo que sofre tanto com o preconceito, desagua na necessidade de uma reparação que jamais houve. O reconhecimento histórico é negado à comunidade Cigana, excluindo-a e condenando os Ciganos ao apagamento até mesmo nos momentos de sua maior dor. Historiadores estimam que entre 220.000 e 500.000 ciganos foram mortos pelos alemães e seus aliados. O número compreende entre 25% e 50% da população total de ciganos na Europa na época. Fonte: encyclopedia.ushmm.org/ Mapa da Perseguição aos Ciganos entre 1939-1945 “Por conta da escala do mapa, nem todos os bairros e acampamentos Romani foram representados ou nomeados.”
Ciganos na Europa em 1920
Ciganos na Europa na Década de 1920 Durante os anos 1920, a opressão legal aos ciganos na Alemanha e em toda a Europa era imensa, muito embora os estatutos oficiais das Repúblicas rezassem que todos os cidadãos fossem considerados iguais. Naquela década, na Alemanha pré-nazismo, ciganos eram proibidos de entrar em parques ou de frequentar banheiros públicos. Em 1925, uma conferência sobre a “Questão Cigana” resultou na criação de leis que determinavam que ciganos desempregados fossem condenados e enviados a campos de trabalho forçado pelo período de dois anos. O motivo alegado? Razões de segurança pública. Os ciganos deveriam registrar-se na polícia, e, após 1927, todos, incluindo as crianças, passaram a portar cartão de identidade com foto e impressões digitais. Em 1929, foi criada em Munique a Central para Combate aos Ciganos na Alemanha. https://youtu.be/3Qs98pdC8Yk “Indicação do mapa do tamanho relativo das populações ciganas e sinti antes da era nazista, em termos numéricos, em países posteriormente afetados pelo genocídio contra os ciganos.” Fonte : www.theholocaustexplained.org Localização da população Cigana Europeia antes da Segunda Grande Guerra Mundial
Diáspora
Diáspora A diáspora dos ciganos da Iugoslávia nos anos 1926 foi um evento significativo na história da região. Um grupo marginalizado desde antes da Primeira Guerra Mundial, os ciganos eram frequentemente alvo de discriminação e violência, além de ter poucas oportunidades econômicas. Após a guerra, com o país dividido e instável, a situação piorou, com os governos sérvio e croata perseguindo os membros da comunidade Romani, acusando-os de espionagem e traição. Frequente alvo de violência por parte de grupos nacionalistas, os ciganos eram impedidos de obter empregos ou educação. Vivendo em condições precárias, com dificuldade para sustentar suas famílias, os ciganos começaram a deixar o país em busca de melhores oportunidades em outros países da Europa, bem como para os Estados Unidos e o Canadá. “A intuição é a ciência do cigano” (Cláudio Iovanovitchi) Duchan e Lepossava partiram de sua terra mediante boatos da instauração de um regime ditatorial e perigoso, hoje conhecido como Regime Nazista. O racismo sempre esteve presente por lá, mas de algum modo, eles sentiam que algo não corria bem. O clima a cada dia mais tenso e caótico das relações sociais e mesmo interpessoais, as restrições a cada dia mais duras para as populações ciganas, as dificuldades de trabalho impostas aos Roms, condições que, somadas talvez à intuição inata de toda mãe, impulsionaram a decisão do casal: embarcar no navio Giulio Cesare. Navio Giulio Cesare Duchan Iovanovitch, imigrou para o Brasil em 1926, partindo de Trieste. Passagem do Navio Giulio Cesare em nome de Duchan Iovanovitch em 13 de Janeiro de 1926 Porto de Trieste Veja mais detalhes sobre o Porto de Trieste no Wikipédia O número de ciganos que deixaram a Iugoslávia durante esse período é estimado em cerca de 200.000 pessoas.Em meio ao caos, ao medo e aos desafios de cruzar o oceano rumo ao desconhecido em tempos tão conturbados, algumas das famílias vieram para o Brasil. O número exato dos que por aqui chegaram é desconhecido, mas estima-se que seja por volta de 10.000.Os indivíduos que vieram para o Brasil se estabeleceram em todo o país, mas concentraram-se principalmente nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Eles trouxeram consigo sua cultura e tradições, contribuindo para a diversidade do povo brasileiro. Duchan, Lepossava e Nasta trilharam um longo caminho até chegar em Curitiba, veja abaixo a rota completa por onde passaram; Rota migratória de Belgrado (Sérvia) ao Porto de Trieste (Itália) Rota de Porto de Trieste (Itália) para Porto Seguro (Brasil) Rota de Porto Seguro (Bahia) para Porto de Santos (São Paulo)
Quem são os Povos Ciganos
Quem são os Povos Ciganos Os Calon foram os primeiros a chegar em terras brasileiras. Expulsos da Europa pelos reis de Portugal e Espanha, aportaram no Brasil com as primeiras caravelas na época da colonização. Este numeroso grupo caracteriza-se, muitas vezes, por viver em acampamentos, embora muitos fixem moradia. Seu meio de trabalho costuma ser o comércio, mas o modo de vida rural está fortemente presente, sobretudo nas populações nômades. Seu idioma é o Chib. Os Sinti, menos numerosos no Brasil, contam apenas com algumas famílias no território nacional. Esta nação chegou ao Brasil vindos da Alemanha, Áustria, França e Itália, e são conhecidos por trazerem a arte circense para o Brasil. Seu idioma é o Sintó. O Povo Rom encontra-se no Brasil desde meados do século XIX. Grupos migraram de diferentes regiões da Europa e compartilham entre si nacionalidades distintas: a italiana, a checa, a romena, a húngara, a russa e a grega. As ondas de migração Rom do Leste da Europa para o Brasil aumentaram pouco antes da Segunda Guerra Mundial, como é o caso da família Iovanovitchi, idealizadora deste Museu. Quase um sinônimo para a denominação “ciganos”, o povo Rom fala a língua romani e está dividido em grupos, com denominações próprias, sendo os principais no Brasil: Kalderash, Matchuaia, Lovara, Rrorahane, Pandure, Moldovaia e Sibinkone. A família Iovanovitchi, anfitriã e criadora deste Museu, pertence ao grupo Matchuaia. Bem-vindos a esta história, contada pelo ponto de vista da imigração de nossa família em uma longa saga pelos mares da Iugoslávia ao Paraná.