Diáspora
A diáspora dos ciganos da Iugoslávia nos anos 1926 foi um evento significativo na história da região. Um grupo marginalizado desde antes da Primeira Guerra Mundial, os ciganos eram frequentemente alvo de discriminação e violência, além de ter poucas oportunidades econômicas. Após a guerra, com o país dividido e instável, a situação piorou, com os governos sérvio e croata perseguindo os membros da comunidade Romani, acusando-os de espionagem e traição.
Frequente alvo de violência por parte de grupos nacionalistas, os ciganos eram impedidos de obter empregos ou educação. Vivendo em condições precárias, com dificuldade para sustentar suas famílias, os ciganos começaram a deixar o país em busca de melhores oportunidades em outros países da Europa, bem como para os Estados Unidos e o Canadá.
“A intuição é a ciência do cigano”
(Cláudio Iovanovitchi)
Duchan e Lepossava partiram de sua terra mediante boatos da instauração de um regime ditatorial e perigoso, hoje conhecido como Regime Nazista. O racismo sempre esteve presente por lá, mas de algum modo, eles sentiam que algo não corria bem. O clima a cada dia mais tenso e caótico das relações sociais e mesmo interpessoais, as restrições a cada dia mais duras para as populações ciganas, as dificuldades de trabalho impostas aos Roms, condições que, somadas talvez à intuição inata de toda mãe, impulsionaram a decisão do casal: embarcar no navio Giulio Cesare.
Navio Giulio Cesare


Duchan Iovanovitch, imigrou para o Brasil em 1926, partindo de Trieste.
Porto de Trieste
O número de ciganos que deixaram a Iugoslávia durante esse período é estimado em cerca de 200.000 pessoas.
Em meio ao caos, ao medo e aos desafios de cruzar o oceano rumo ao desconhecido em tempos tão conturbados, algumas das famílias vieram para o Brasil. O número exato dos que por aqui chegaram é desconhecido, mas estima-se que seja por volta de 10.000.
Os indivíduos que vieram para o Brasil se estabeleceram em todo o país, mas concentraram-se principalmente nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Eles trouxeram consigo sua cultura e tradições, contribuindo para a diversidade do povo brasileiro.
Duchan, Lepossava e Nasta trilharam um longo caminho até chegar em Curitiba, veja abaixo a rota completa por onde passaram;