Lepossava era uma mulher forte, nascida na Iuguslávia. Não há de ter sido fácil embarcar para o Brasil, em uma viagem que durava em média 25 dias de navio, com a pequena Nasta ainda no colo.
A experiência seria marcada por desafios, adaptações e momentos de alegria e esperança para os imigrantes que buscavam uma nova vida no Brasil. A travessia, considerada relativamente segura na época, trazia na verdade muitos riscos: acidentes, tempestades e até ataques de piratas.
Durante a viagem, os imigrantes eram acomodados em compartimentos coletivos, divididos por sexo e nacionalidade, em condições modestas, com beliches em vários níveis e pouco espaço individual. Para comer, tinham pão, arroz, feijão, carne enlatada e legumes, com pouca variedade e em porções que podiam ser reduzidas.
Com banheiros compartilhados e acesso limitado à água potável, doenças como sarampo, tuberculose e tifo eram comuns entre os imigrantes e, embora houvesse um médico e alguns enfermeiros a bordo, a disponibilidade de medicamentos e equipamentos era extremamente precária.
Ser imigrante em um navio cheio de estranhos de toda a sorte de idades, sexos e diferenças sociais e culturais, deve ter sido motivo de preocupação para a jovem mãe.


Em um tempo em que as mulheres possuíam pouca voz, Lepossava foi – acima de tudo –mãe. Sempre pronta a acolher os seus, ela enfrentava uma nova cultura, em uma terra tão distante e diferente da sua, ao lado do marido, mas com a responsabilidade e o aperto no peito que carrega consigo toda mulher.